Informativo

A Difícil Arte De Dizer
 "Não" Aos Filhos

Tania Zagury*

Ninguém melhor do que eu, mãe ou pai como você, para saber o quanto nos é difícil negar coisas a criaturinhas tão fofas e sedutoras quanto os nossos filhos. Sendo de classe média ou alta na maior parte das vezes, temos os recursos para atendê-los e, então, nos perguntamos, o que representa um carrinho a mais, um novo brinquedo? Se temos o dinheiro necessário para comprarmos o que querem, porque não satisfazê-los? Se o nosso filho pediu três pacotes de balas e não um apenas, por que não atendê-lo? Se podemos sair de casa escondidos para que não chorem, por que provocar lágrimas? Se lhe dá tanto prazer comer todos os bombons da caixa, por que fazê-lo pensar nos outros? Além do mais é tão mais fácil e mais agradável sermos "bonzinhos"...
O problema é que ser pai é muito mais do que apenas ser "bonzinho" com os filhos. Ser pai é ter uma função e responsabilidade sociais perante nossos próprios filhos e a sociedade também. Portanto, quando decido negar um carrinho a um filho, mesmo podendo comprar e sofrendo por dizer-lhe "não", porque ele já tem outros dez ou vinte, estou lhe ensinando que existe um limite para o TER. Estou, indiretamente, valorizando o SER. Quando cedemos a todas as reivindicações, estamos caracterizando uma relação de dominação, estamos colaborando para que a criança depreenda do nosso próprio exemplo o que queremos que ela seja na vida: uma pessoa que não aceita limites e que não respeita o outro enquanto indivíduo. Porque para poder ter tudo na vida quando adulto, fatalmente ele terá que ser um indivíduo extremamente competitivo e provavelmente com muita "flexibilidade" ética. Caso contrário, como conseguir tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer "não" se nunca lhe fizeram crer que isso é possível e até normal?
Não estou defendendo que se crie um ser acomodado, sem ambições e derrotista. De forma alguma. É o equilíbrio que precisa existir: o reconhecimento realista de que, na vida, às vezes se ganha, e, em outras, se perde. Para fazer com que um indivíduo seja um lutador, um ganhador, é preciso que desde logo, ele aprenda a lutar pelo que deseja sim, mas com suas próprias armas e recursos, e não fazendo com que ele creia que alguém (os pais, por exemplo) lhe dará tudo, sempre, e de "mão beijada". Satisfazer as necessidades das crianças é uma obrigação dos pais, mas é preciso que distingamos claramente o que são realmente necessidades e o que são, na verdade, apenas atitudes derivadas da nossa própria incapacidade de julgar, subjugados que estamos ao consumismo, à competitividade exacerbada da nossa sociedade, ao individualismo e aos nossos próprios medos e frustrações.


 
Canções de ninar

 
Neurociência


Eis, para mim, um dos mistérios neurocientíficos mais belos: por que gostamos de canções de ninar? Meu pai me ninava, segurando as mãos das duas filhas, uma de cada lado, com uma canção que hoje me faz chorar só de lembrar da única frase que me restou na memória. Minha mãe me ninava cantando sobre uma cama na varanda, com flores da roseira sopradas pelo vento fazendo as vezes do cobertor esquecido. É claro que ser ninado nos dá, justo quando ficamos mais vulneráveis, adormecidos, a segurança, o conforto e a tranqüilidade de termos bem perto alguém que amamos -e o cérebro dá grande valor a isso, com um sistema especializado em detectar carinhos. Quem foi ninado sabe que foi uma criança amada.
Mas não é só isso. Canções de ninar, pouco importa o tema, têm algo em comum: o ritmo, que conduz melodias simples a uma taxa de cerca de sete batidas a cada dez segundos. Para não me fiar apenas em minhas próprias canções de ninar, fui conferir as 22 canções de ninar do disco do Palavra Cantada, e lá estava o número: a maioria tinha de seis a oito marcações a cada dez segundos, e nenhuma passava de nove por segundo. Por que o número é importante?
Mircea Steriade, falecido neurocientista romeno que tinha o olhar cândido e a testa larga do meu avô cearense, explica. Especialista nos ritmos elétricos produzidos pelo cérebro nos vários estados de sono e vigília, Steriade descobriu que, quando adormecemos, o córtex produz ondas de aumento e então redução de sua atividade elétrica a um ritmo de cerca de sete ondas a cada dez segundos. Esse ritmo, sempre abaixo de uma onda por segundo, "recruta" o tálamo, que começa a produzir em sincronia com ele as ondas delta do sono profundo, que, por sua vez, invadem o restante do cérebro e nos tiram da vigília. Canções de ninar, portanto, talvez sejam a maneira que temos para, com nossa voz e palmadinhas em uma cadência de 0,7 batida por segundo, induzirmos o córtex de nossos filhos a produzir, em resposta, as 0,7 ondas elétricas por segundo que convidam o resto de seu cérebro ao sono.
Meu filho de quatro anos me pede para ficar um pouco em sua cama, então deito e canto "Sereno" e "Fui no Itoro-ró" enquanto dou umas 0,7 palmadinhas por segundo em seu traseirinho sem fraldas. Logo depois, é minha vez de ser ninada por meu marido, com sua fala lenta e carinhos no meu cabelo: é a canção de ninar de gente grande. Nunca medi a freqüência da sua fala -mas sei que meu córtex gosta, porque adormece logo...


NOVA ESCOLA..NOVO ALUNO...E agora!!!


"Como um peixe fora d'água." Talvez essa seja a primeira sensação de um estudante que vai iniciar o ano letivo  em uma nova escola. Os motivos são os mais variados - mudança de cidade ou de endereço, proximidade de casa ou passagem do Ensino Fundamental para o Médio - mas o sentimento é quase sempre o mesmo.
Para facilitar a adaptação, escola, pais e professores têm papel fundamental e podem amenizar os efeitos da mudança, tornando o processo mais fácil e tranquilo. " Toda mudança gera instabilidade e ansiedade. O mais importante a ser observadoé como o aluno se sente e como administrou sua vida escolar até o momento que antecede a troca. Ás vezes, os pais e os próprios alunos depositam muita expectativa na nova instituição, esquecendo-se de que o sucesso de uma nova etapa está vinculado a uma parceria entre família e escola".
A família deve ser o ponto de apoio para que todos os desafios sejam superados satisfatoriamente. Os pais devem visitar as prováveis escolas dos filhos e, além de considerar os itens básicos se referem ás instalações, devem principalmente conhecer as pessoas e em qual proposta pedagógica será pautado todo o trabalho.
Texto escrito por: Adriana Martins